O poder das memórias: como uma música pode nos transportar no tempo

O cheiro de um perfume ou a melodia de uma música têm o poder singular de despertar memórias profundas, muitas vezes adormecidas em nosso interior. Na manhã deste sábado, 26 de abril, enquanto curtia minha Rádio Mundial Web PB sem saber a programação musical — que é automática —, fui surpreendido por uma verdadeira viagem no tempo. Tocava “Magdalena”, do disco lançado em 1976 por Léo Sayer, um dos melhores álbuns da carreira do artista.

Ao ouvir aquela canção, fui imediatamente transportado para um momento especial da minha infância. Lembrei-me de um dia em que eu e meu amigo de longa data, Romuleudo Renor, caminhávamos pela rua Bossuet Wanderley, nas imediações da antiga Telpa. Na esquina com a Darcylio Wanderley, ficava a casa de Redy Wanderley — hoje pertencente ao veterinário Lelo da Empasa, dono da Lelos Moto.

Na época, a casa, com seus dois vãos e uma ampla sala de som no andar superior, pertencia a Glauco, filho de Redy. De lá, ele deixava ecoar sua paixão pela música através de um potente equipamento de som Marantz. Mesmo à distância, éramos agraciados com uma qualidade musical que nos encantava profundamente.

A rua ainda passava por obras de renovação, com meio-fio e iluminação sendo instalados. Um poste, ainda deitado no canteiro central à espera de ser erguido, serviu de banco improvisado para que eu e Romuleudo curtíssemos aquele som inesquecível. Ainda não tínhamos proximidade com Glauco, mas a música nos unia silenciosamente naquela manhã mágica.

Quase meio século se passou — 49 anos para ser exato — e, mesmo hoje, cada vez que ouço “Magdalena”, revivo em detalhes aquele dia simples, mas repleto de significado. São essas pequenas lembranças que mostram como a música pode eternizar momentos e emoções em nossas vidas.

Marcelo Negreiros

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