A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio do seu Conselho Permanente, divulgou nesta terça-feira (18) uma nota demonstrando perplexidade e indignação diante das propostas de mudança na Lei da Ficha Limpa, em tramitação no Congresso Nacional. A manifestação da CNBB é mais um exemplo de como a entidade se mobiliza rapidamente em temas políticos, mas permanece omissa diante da perseguição e das injustiças que assolam parte significativa do povo brasileiro.
Nesta mesma terça-feira, o Senado pode votar o projeto que altera a Lei Complementar nº 135 de 2010, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa. A proposta, já aprovada pela Câmara dos Deputados, levanta preocupações sobre possíveis retrocessos no combate à corrupção eleitoral. Contudo, a indignação seletiva da CNBB chama atenção: onde esteve essa mesma veemência quando centenas de brasileiros foram presos arbitrariamente após as manifestações de 8 de janeiro em Brasília? Onde está o clamor pelos direitos e pela justiça para esses cidadãos, muitos dos quais foram julgados de maneira questionável, sem ampla defesa ou devido processo legal?
Como católico e jornalista, é impossível não notar a hipocrisia de uma conferência que se envolve na política quando lhe convém, mas esquece do próprio povo injustiçado. O que aconteceu com a CNBB, outrora tão atuante em momentos históricos do Brasil? O que dizer da Maçonaria, da OAB e de outras entidades que pareciam ter compromisso com a justiça, mas que hoje se calam diante de uma ditadura judicial instaurada pelo Supremo Tribunal Federal?
Enquanto isso, a direita limita-se a postar esperanças vazias nas redes sociais, aguardando que um suposto salvador faça algo para reverter o cenário. A esquerda, por outro lado, delira com a ilusória ideia de que a arbitrariedade jurídica jamais os atingirá, celebrando cada novo abuso cometido pela mais alta corte do país.
O Congresso Nacional, entregue à sua própria decadência, permanece inerte, dominado por políticos atolados em escândalos e interesses pessoais. Muitos que hoje exaltam Lula se esquecem de que ele não governa sozinho. Na verdade, é o sistema que governa Lula, e não o contrário.
Diante desse cenário, resta-nos refletir: a CNBB e outras instituições estão realmente preocupadas com a justiça e os valores democráticos, ou apenas escolhem cuidadosamente suas pautas conforme as conveniências políticas? A seleção de causas diz muito sobre a integridade de qualquer entidade. E, pelo que temos visto, a CNBB tem muito a explicar.
Por: Marcelo Negreiros
Muito bom o artigo, dizendo bem de uma verdade que envergonha a própria igreja, na medida que esses bisbos representam uma enormidade de padres, mas que nem têm a fé que se espera, nem amam o próximo, como a si mesmo. Aliás, o cristão, nos dias atuais, se orientam nos seus próprios aprendizados, ao longo da vida, plantando e colhendo a sua seara.
E enquanto se calam para os Sérgios Cabral e inocentes presos e condenados no tribunal do absurdo, questionam situações políticas, que têm a dizer dos que vivem para o meio político. Mas existem fatores para essa posição: poder e dinheiro!